"A gente só cura o que a gente sente!!"
- Florescer Retratos
- 18 de ago. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 19 de mai. de 2022

Eu sinto o coração e a respiração delas. Tão de pertinho que às vezes confundo com os meus.
No fim da sessão, o ritual se repete: "senta aqui do meu lado pra eu te mostrar as fotos que fizemos. Vou passar bem rapidinho pra você não se apegar".
E aí nos sentamos, no chão, braços encostados, expectativa à mil. À medida que as fotos passam, consigo sentir a respiração ofegar, travar ou se aliviar. Num geral ela trava enquanto sinto as batidas do coração pulsando mesmo pelo pouco que nossos braços se encostam.
Na grande maioria das vezes é alegria, alívio, sensação de dever cumprido. Nestes casos elas se aprovam e os olhos brilham. Apesar de olharmos para a câmera, eu sinto os olhos delas brilharem e confirmo quando passo a última foto e pergunto "e aí, qual o sentimento?"
Mas às vezes elas ainda se apegam às poucas fotos que mostram aquilo que ainda não conseguem olhar ou aceitar. A respiração trava, eu sinto.
Que padrão é esse que nos tira o simples apreço de quem somos? Que poder foi esse que demos a ele, hein?
Faz parte da cura encarar quem se é, se perceber para então se aceitar.
Faz parte da minha cura sentir os corações que pulsam encostados no meu braço e a respiração mutável que esfria meu ombro, e aprender a acolher cada processo, e entender onde ele ressoa em mim e o que posso aprender dele e com ele.
A gente só cura o que sente.
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